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Exemplo de sucesso, Caminho da Fé completa 20 anos e opera com gestores profissionais

Artigo publicado originalmente em: Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) https://aliancabike.org.br/caminhodafe/

 

Administrado por uma gestão profissional, a rota que cruza 72 municípios entre São Paulo e Minas Gerais vem crescendo 32% ao ano. Os ciclistas já são a maioria entre os peregrinos

 

O Caminho da Fé, uma rota para ciclistas e caminhantes entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais, está prestes a completar 20 anos. Antes mesmo de chegar à maioridade, o Caminho da Fé se profissionalizou e, como dizem no interior, virou gente grande!

A história começa em 2003, quando Almiro Grings, depois de peregrinar algumas vezes pelo Caminho de Santiago, na Espanha, entendeu que tinha na porta de sua casa, na Serra da Mantiqueira, a possibilidade de estabelecer uma rota repleta de belezas. Ao lado de dois amigos, Clovis Tavares de Lima e Iracema Tamashiro, estabeleceu uma trilha ligando Águas da Prata a Aparecida.

Ao longo desses anos, o Caminho foi crescendo e, atualmente, possui 2.500 km totalmente sinalizados, divididos em 19 ramais e passando por 72 municípios. “Desde a sua criação, o Caminho Da Fé se desenvolveu em blocos, de cinco a sete anos cada. Desde 2015 estamos implantado a última fase”, explica Camila Bassi Teixeira, gestora executiva do Caminho da Fé. “Em 2015 tivemos um aporte de recursos que possibilitou o desenvolvimento de um plano de negócios e colocar em prática um sistema profissional de gestão.”

Segundo Camila, até 2016 o caminho estava estagnado e com o novo sistema de administração, passou a registrar crescimento territorial e ganhou mais visibilidade. “Identificamos novas oportunidades de negócios”, explica Camila. Segundo ela, foram várias as mudanças, dos contratos financeiros à metodologia de comunicação, passando por instrumentos reguladores, narrativa e até a sinalização. “Até o público mudou!”

Os caminhantes até pouco tempo atrás eram a maioria entre os peregrinos. Os ciclistas foram pouco a pouco se encantando pelas trilhas, repletas de subidas e descidas desafiadoras e paisagens verdejantes, e hoje representam 60% dos viajantes.

Entre as maiores dificuldades de administrar uma rota turística, explica Camila, é gerir os contratos com os 72 municípios envolvidos, dos quais 51 estão localizados no Estado de São Paulo e 21 em Minas Gerais. Para lidar com tanta diversidade de administrações públicas, dos sete funcionários exclusivos do caminho, dois estão destacados exclusivamente para coordenar o relacionamento jurídico e a controladoria das prefeituras envolvidas.

A nova gestão também investiu na capacitação dos mais de 202 meios de hospedagem e 146 pontos de apoio distribuídos ao longo do trajeto. “O caminho trouxe desenvolvimento econômico para muitas comunidades. Mas é preciso ter muita atenção nessa implantação, pois temos períodos de baixa estação. E aí, é importante ter um modelo sólido para que esses empreendedores possam se manter”, explica.

 

Dona Natalina e esposo/ Créditos: Fernando Assis da Trippers TV

 

São vários os exemplos de famílias, como a da Pousada da Dona Natalina, na Serra dos Limas, distrito de Andradas, em Minas Gerais, que abriu um quarto de sua casa há 19 anos para hospedar os peregrinos e também oferecer refeições e lanches. Ela vivia sozinha ali, depois de ficar viúva e os filhos se mudarem para a cidade. A casa foi ampliada e boa parte da família voltou para o território para ajudá-la nos afazeres.

O resultado de uma gestão profissional aparece em números. “De 2015 para cá registramos uma média de 32% de crescimento a cada ano”, diz Camila. “Vale ressaltar que nosso controle são os passaportes e sabemos que temos um percentual de 40% de viajantes que fazem o caminho sem o registro”, explica.

Apesar de ter permanecido fechado por dois meses em 2021, o Caminho da Fé recebeu 15.600 peregrinações únicas e a expectativa é chegar ao final de 2022 com 18 mil. “É um produto nacional que cresce de forma orgânica, pois não investimos em marketing.” Assim como o caminho pede calma aos peregrinos, Camila sabe que a expansão precisa dar passos firmes. “Estamos fechados por três anos para qualquer expansão da rota!”

O Caminho da Fé faz parte do Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso. E como todo aniversariante, Camila promete festa para 2023. “Teremos quatro saídas festivas em fevereiro de 2023. É só ficar ligado em nossas redes!”

 

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