O CHAMADO DO CAMINHO – PARTE 4 de 6

Dia 16/02 – Estiva até Paraisópolis –  43 Km – Passando por Consolação – 10 horas de Caminhada. 

 

Acordei ás 5:00 horas, agradecendo por estar ali, muito obrigado Meu Pai. Reunimos Eu, Kimie, Carlão e Manuel, tomamos um café na Padaria e começamos a caminhar. Como de costume cada um foi no seu ritmo e sempre acabamos ficando sozinho. Como esse caminho parece com a vida, sempre estamos rodeados por pessoas que amamos família, amigos, mas quem faz o Caminho é você, e então você pode escolher em caminhar sozinho ou com Deus. Eu o escolhi, e como é bom.

 

No caminho para Consolação encontrei Marcos e Rosimeire, como era bom encontrar aquelas duas almas que emitiam luz. Marcos não estava muito bem e os dois resolveram parar em Consolação e completar o Caminho em outra ocasião. Sabedoria pura, saber a hora de parar. Cheguei em Consolação tomei aquele café, estampei  minha credencial no Restaurante da Dona Elza e segui o percurso. Seriam mais 21 Km até Paraisópolis.

 

Quando estamos vivendo uma peregrinação, nossos sentimentos estão mais a flor da pele, ficamos sensíveis, tiramos aquela crosta da alma  e sentimos com o coração e o silencio é o nosso melhor companheiro, pois é ali que começamos a nos ouvir. Somos livres. Eu sorria e vivia cada segundo daquilo tudo. No meio do caminho para Paraisópolis minha agua acabou e meu desafio então era achar uma casa para conseguir agua.

Encontrei uma casinha simples, bati palma e veio uma senhora me atender, muito simples também, perguntei se ela teria água, pois meu cantil estava vazio. Ela com um sorriso imenso falou, entre Peregrino vamos tomar um café e comer um bolo, não pude resistir e então a senhora começou a contar de sua vida, típico do povo mineiro que gosta de uma prosa. Senti-me abençoado e com toda aquela simplicidade e ao mesmo tempo uma bondade imensa esculpida naquela senhora. Deus e seus Anjos. Amem.

 

Cheguei em Paraisópolis por volta de 16:30, como era feriado a cidade também estava cheia, o carnaval de rua lotam as cidades de Minas. Ali Manoel e Carlão foram para o Hotel Central  e eu e Kimie fomos para a Pousada da Praça (R$ 60, c/ café), a Jandira responsável pela pousada era  uma simpatia em pessoa. Mais uma vez OBRIGADO.

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Dia 17/02 – Paraisópolis até Pousada da Dona Inês – 29  Km –  7 horas de caminhada  

 

Ás 6:00 estava no caminho, pronto para mais um dia de reflexão e aprendizado. O dia seria mais curto, mas segundo os mais experientes a subida da Luminosa é a parte mais difícil do caminho, são 13 km de subida ininterrupta , Fé e vamos embora.

 

Os primeiros 18 Km passaram voando, entre rezas, contemplação da natureza, reflexões e muita felicidade. Até que chegando no Bairro de Cantagalo uma senhora me abordou me perguntando para onde estava indo, eu respondi que meu objetivo era Aparecida, e então ela logo retrucou , você vai chegar. Até me assustei com a certeza com que ela falou, mas fiquei em silencio, em seguida ela falou que iria fazer uma cirurgia médica por aqueles dias e pediu para que eu orasse por ela. Sem pestanejar disse que sim com muito gosto. Ela acenou com a mão e disse vá com Deus Peregrino.

 

Senti-me emocionado naquele momento e dali até a cidade de Luminosa fui pensando nessa situação. Vi a responsabilidade imensa que tinha em minhas mãos, em levar os pedidos de algumas pessoas para Aparecida e essa responsabilidade só me davam mais força, fé e felicidade. E na minha vida esses pedidos são minha família, amigos e sonhos, todos me impulsionando para o encontro de Deus que é Aparecida.

 

Chegando em Luminosa,  comi um pão na manteiga e fui ao encontro de Carlão, Manuel e Kimie, decidimos que teríamos que partir rápido pois muitas pessoas estavam chegando e todos queriam ficar na pousada da dona Inês, que é famosa por sua simplicidade e pelo visual incrível por ficar localizada no meio da serra. De Luminosa até a Pousada seriam cerca de 5 km de subida. Arrumamos a mochila e fomos.

Chegamos na pousada exaustos, mas realizados. Dona Inês com toda simpatia já foi nos receber, quando tirei a mochila das costas foi um alivio, virei para ver a paisagem e FELICIDADE !!! Que lugar abençoado entre as montanhas. Ali conheci muita gente fazendo o caminho, 5 casais de Americana, Leonardo e Marcelo dois irmãos de Franca e Julio e Serginho de São Paulo. Galera abençoada que me transmitiu muitas energias boas.

 

Mas os protagonistas ali eram Dona Inês e sua família, que vivem para o Caminho da Fé, para acolher os peregrinos. Impressionei-me pessoalmente com a Dona Inês, que não falava quase nada, mas que no seu silencio me dizia tudo, ser simples é ser grande parecia que ela dizia com os olhos. Neste dia tive que me ausentar e caminhar um pouco sozinho para assimilar tudo aquilo. Era muito forte.

 

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