O CHAMADO DO CAMINHO – PARTE 2 de 6

Começando a Caminhar:

 

Dia 12/02 – Águas da Prata até Andradas – 32 Km – 6 horas de caminhada

 

Levantei as 06:00, a Kimi já estava abrindo a porta para sair, nos falamos rapidamente e fui fazer o café para em seguida colocar o pé na estrada. Arrumei minha mochila que estava pesando em torno de 8 a 9 Kg, não tinha me desapegado ainda.

 

Comecei caminhando ainda no escuro, após 40 minutos de caminhada entrei em uma estrada rural, estava feliz em estar ali em contato com a natureza, ar limpo e com tempo para pensar na vida.

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Cheguei a Andradas ás 13:30 exausto, procurei o Hotel Trevisan que era o mais barato (R$30 c/ café da manhã), a Kimi preferiu ficar no Palace Hotel que era um pouco mais caro, mas eu entendo ela, porque o Trevisan não era lá essas coisas, porém tinha prometido que iria deixar  as coisas fluírem no tempo de Deus. Já estava com 2 bolhas no pé, pois estava com um tênis novo e então mais um aprendizado, ouça aqueles com mais experiência.

 

Dia 13/02 – Andradas até Ouro Fino – 47 Km – Passando por Serra dos Lima, Barra e Crisólia – 11 horas de caminhada

 

Dessa vez acordei as 06:30 e fui começar a caminhada ás 07:30, tinha comprado 4 bananas e 2 barras de cereais e minha mochila ainda estava com uns 8 ou 9 Kg. Depois de uma hora caminhando, tinha percorrido por volta de 6 km e parei para tomar água e comi as duas barrinhas. Passei por Serra dos Limas depois de 2 horas e 15 min, isso era quase 11 horas da manhã, o sol a pino no céu um calor muito forte, parei para comer as bananas porém estavam todas estragadas, e a próxima cidade estava a 6 km de distância, devido ao calor e a fome me desorientei e acabei errando o caminho.

 

O percurso aumentou em 4 km e eu não passaria mais por Barra, ou seja, a próxima cidade estava a aproximadamente 20 Km e eu estava sem comida. Estes 20 Km foram um choque de realidade para mim, com o sol forte e sem comida estava zonzo e diversas vezes pensei que iria desmaiar de cansaço, me perguntava o que estava fazendo ali e então Deus me lembrava que eu estava ali pela minha Família e meus amigos, para agradecer por tudo que tenho e então vinha um sentimento de GRATIDÃO tão imenso que não cabia em mim e eu apenas sorria e pensava que Caminho !

 

 

 

Cheguei em Crisólia muito exausto e a Zéti que é dona de um dos locais de apoio para os peregrinos me recebeu com um suco de laranja natural e um sorriso que alimentava a alma, era exatamente daquilo que eu precisava para chegar até Ouro Fino (+ 7  Km).

No caminho para Ouro Fino encontrei Rosimeire e Marcos um casal de BH muito gente fina e que me passaram muitas energias positivas. Falaram que eu parecia o cara do Into the Wild e que era para eu assistir o filme Free que iria gostar.

Finalmente cheguei na Casa do Peregrino (R$ 40 c/ café da manhã), tentava sempre escolher pousadas com café, que era o gás inicial para as caminhadas. Bom, cheguei já estava escurecendo e assim que entrei no quarto a Kimi veio preocupada me perguntando se estava tudo bem e eu expliquei toda a situação da comida, percurso e peso da mochila. E então aprendi mais uma lição, o DESAPEGO, deixei no Abrigo uma camisa, algumas meias que já tinha usado, uma calça, um perfume (não tenho ideia porque levei), alguns medicamentos e por fim minha mochila foi para 6 ou 7 Kg. Feliz demais com essa evolução, me senti mais leve até na alma. Até aqui estava com 5 bolhas nos pés.